quinta-feira, 26 de agosto de 2010

E na semana do deficiente...

Nos últimos tempos, meus filhos, minha nora e eu temos conseguido almoçar todos os dias juntos. Encontro normalmente agradável, mesmo porque não admito problemas a mesa. Este é nosso momento de tranquilidade e alimentar-se requer exatamente isso. Mas hoje minha nora, que é intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) chegou muito indignada com umas "coisitas" que rolam lá na escola que ela atua.
A escola está promovendo um concurso para 35 alunos irem visitar um museu em outro Estado. Minha nora é empolgadissima com os alunos surdos e foi logo mostrando, via internet, o tal museu, e que se eles caprichassem na atividade, poderiam ganhar uma vaga para ir também. É claro que os meninos se alegraram com a notícia e ficaram só esperando que atividade seria proposta para participarem do tal concurso.
"É inacreditável - disse minha nora a mesa - a atividade será uma redação com um tema determinado. Até ai tudo bem, só que quem fará a correção e dará a nota é a professora de português deles. Ela não entende o conceito linguistico dos surdos e os obriga a escrever como ouvinte."
Neste momento a coisa já estava engasgada na minha garganta. "Como assim?" - falei.
E minha nora continuou: "Meus alunos têm notas baixissimas com essa professora que os obriga a escrever na linguagem dos ouvintes. Ora, surdo por exemplo não conjuga verbo. Ele fala assim "cair passado", não entende que é "eu cai" e ela exige que os surdos escrevam na forma culta da língua. Nunca que vão ganhar uma vaga neste concurso."
"Chegasse a falar com alguém na escola?" - indaguei
"Sim. Fui falar com a orientadora e sugeri cotas. Afinal todos os concursos tem cota para deficientes e recebi foi um banho de água fria. Ela não entendeu nada. E ainda falam que a escola é inclusiva. Poxa, esquecem sempre dos alunos surdos. Que inclusão é essa?"
Bom, a conversa se estendeu é lógico e nosso almoço foi regado ao desabafo e busca de soluções para o problema. Minha nora já está articulando outros colegas de profissão para reverter este quadro. Eu conheço bem  a escola, estive lá por dez anos. No momento estou readaptada em outra unidade escolar. Minha nora terá uma grande batalha pela frente.
Não consigo entender educadores que não percebem as diferenças e não respeitam as limitações de cada um. Realmente nossa educação está um caos.


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